Vozes dissonantes na processualidade da reinvenção do eu em quarto de despejo - Núm. 11, Diciembre 2010 - Ratio Juris - Libros y Revistas - VLEX 396255946

Vozes dissonantes na processualidade da reinvenção do eu em quarto de despejo

AutorRaffaella Andréa Fernandez
CargoDoutoranda da Unicamp - Departamento de Teoria e História da Literatura. Mestre em Literatura e vida social pela Unesp de Assis. Graduada em Ciências Sociais na Unesp de Marília e Letras na Unesp de Assis
Páginas187-207
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Revista Ratio Juris Vol. 5 Nº 11 (julio-diciembre 2010) pp. 187-207 © Unaula
VOZES DISSONANTES NA PROCESSUALIDADE DA
REINVENÇÃO DO EU EM QUA RTO D E DE SPEJO
Raffaella Andréa Fernandez*
Fecha de recepción: 1 de octubre de 2010 Fecha de aceptación: 25 de noviembre de 2010
Resumo
Resumo: O presente artigo procura demonstrar o modo como a escritora
Carolina Maria de Jesus mobilizou uma série de recursos literários na cons-
trução de sua poética de resíduos, agenciadora de uma reciclagem de lin-
guagens e de si mesma. Desse modo, tem como temática a multiplicidade
de vozes que pulsam no discurso produzido pela catadora de lixo Carolina
Maria de Jesus em seu best seller intitulado Quarto de despejo (1960).
Por se tratar de um “diário”, a escrita do texto na primeira pessoa do sin-
gular presentifica, na capa, o nome que pode assumir posições múltiplas e
simultâneas. Desse modo, as três instâncias narrativas confundem o recep-
tor ingênuo que acaba por não questionar o processo de ficcionalização da
narrativa, pois o Eu da vida extratextual garante a “verdade” do discurso.
No entanto, observa-se nessa narrativa a ocorrência de fraturas na proces-
sualidade do Eu, que invoca a persona, isto é, as máscaras de revelação e
ocultação da autora, na qual uma personagem foi criada de acordo com os
padrões de “boa conduta” dos idos de 1950. Esse fluxo de rupturas pode
ser notado, inclusive, na co-autoria do editor e jornalista Audálio Dantas,
marcados pelos recortes efetuados nos bastidores da representação da escri-
tora da favela. Porém, não podemos perder de vista a desconstrução que a
própria construção da subjetividade impõe, revelando assim uma outra face.
* Doutoranda da Unicamp - Departamento de Teoria e História da Literatura. Mestre em
Literatura e vida social pela Unesp de Assis. Graduada em Ciências Sociais na Unesp de
Marília e Letras na Unesp de Assis.
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Aliado a isso, autora e narradora se desdobram não apenas em personagem,
mas também na reprodução de discursos que perpassam seu palmilhar coti-
diano, ampliando o entendimento da dinâmica cultural de sua coletividade.
Nesse sentido, fica explicita a existência pontos de vista distintos e coexis-
tentes na confluência de suas inspirações subjetivas.
Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus; autoria, hibridismo literário; re-
presentação; marginalidade social.
Voces disonantes en proceso de reinvención de si
en el Quarto de despejo
Resumen
Este artículo muestra cómo la escritora Carolina Maria de Jesus movilizó
una serie de recursos literarios en su poesía de residuos, agenciando el re-
ciclaje de la lengua y del suyo propio. De esta manera, tiene como tema la
multiplicidad de voces que impulsan el discurso producido por la “carro-
ñera” Carolina Maria de Jesus en su best-seller titulado Quarto de despejo
(1960). Debido a que es un diario, escribir el texto en primera persona del
singular hace presente, en la tapa, el nombre que puede tomar múltiples
posiciones simultáneas. Así, las tres instancias narrativas que confunden al
receptor ingenuo que termina por no preguntar del proceso de ficcionaliza-
ción de la narración, porque la vida que garantiza extratextuales la “verdad”
del discurso. Sin embargo, obsérvase en el relato la presencia de fracturas en
la procesividad del Ser, que llama a la persona, es decir, las máscaras de la
revelación y el ocultamiento del autor, en los que se ha creado un personaje
de acuerdo con las normas de “buena conducta” de la década de 1950. Esta
interrupción del flujo puede ser observado, incluso co-escrito por el perio-
dista y editor Audalio Dantas, marcada por los recortes hechos en el fondo
de la representación de la autora de la favela. Pero no debemos perder de
vista que la deconstrucción de la propia construcción de la subjetividad re-
quiere, lo que revela otra cara. Junto a esto, la autora y el narrador se desdo-
blan no solo en la personificación, sino también en los discursos específicos
que impregnan su andar diario, aumentando la comprensión de la dinámica
cultural de su comunidad. En este sentido, se expresa que coexisten puntos
de vista diferentes y que sus inspiraciones en la confluencia de lo subjetivo.
Palabras clave: Carolina María de Jesús, la autoría, hibridez literaria, la
representación, la marginalidad social.

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