Competencia informacional de agentes envolvidos no Ensino a Distancia da Universidade Federal de Goias--Brasil. - Vol. 36 Núm. 1, Enero - Enero 2013 - Revista Interamericana de Bibliotecologia - Libros y Revistas - VLEX 637533717

Competencia informacional de agentes envolvidos no Ensino a Distancia da Universidade Federal de Goias--Brasil.

AutorGomes, Suely
CargoTexto en portugues - Ensayo

Information literacy of agents involved in Distance Education parterns of the Federal University of Goias-Brazil

Introducao

A educacao sempre foi um desafio para a sociedade. As solucoes para atender a demanda por inclusao, autonomia e promocao de uma educacao continuada (learning for life) de um numero cada vez maior de pessoas em todos os niveis passam pela criacao de novos espacos e dinamicas de aprendizagem. Segundo Rocha (2011, p 13), "as distancias geograficas, a falta de oportunidades educativas, as condicoes socioeconomicas e os altos investimentos publicos demandados sao alguns dos fatores que tem impedido, ou pelo menos retardado, o processo de democratizacao e acesso ao ensino".

A Educacao a Distancia (EAD) esta entre as alternativas para responder a crescente necessidade social de proporcionar educacao aquela parcela da populacao que nao e adequadamente atendida pelo sistema tradicional de ensino. Essa modalidade de aprendizagem surge para fazer frente a problematica de educacao de adultos e sua origem pode ser atrelada aos cursos por correspondencia --seculos XIX e XX, sendo que a comunicacao entre o estudante e o professor se dava via servicos de correios (MUELLER, 2000). Por sua origem, a EAD e entendida como uma forma de ensino nao-tradicional ou como uma modalidade de ensino independente, na qual o estudante tem certo grau de autonomia para decidir o tempo e o local de estudos (FREITAS, 2005).

Os avancos tecnologicos nas areas de comunicacao e informacao tiveram, sem sobra de duvidas, um papel preponderante na evolucao da educacao a distancia, marcando, inclusive, geracoes distintas dessa modalidade de ensino. Segundo Rodrigues (1998), estamos, a partir da decada de 1990, vivenciando a terceira geracao de EAD. Essa geracao e baseada no uso intensivo das novas tecnologias de informacao e comunicacao, com suas redes de conferencia por computador e estacoes de trabalho multimidia.

Considerando que "a principal caracteristica da Educacao a Distancia esta em possibilitar autonomia e independencia de aprendizagem do aluno adulto" (WEDEMEYER; MOORE, citados por CASTRO, s.d., p. 1) e que essa modalidade atualmente esta intrinsecamente atrelada a dinamica inaugurada pela internet, e indiscutivel que ela instaura e depende de uma nova cultura de aprendizagem e uma nova mentalidade na relacao aluno-professor, conforme discutido por Pozo (2004).

Tal cultura da aprendizagem requer de alunos e professores, no minimo, cinco tipos de capacidades para a gestao do conhecimento: competencia para a aquisicao de informacao; competencia para a interpretacao da informacao; competencia para a analise da informacao; competencia para a compreensao da informacao e; competencia para a comunicacao da informacao (POZO; POSTIGO, 200 apud POZO, 2004).

Para promover esse conjunto de competencias, emerge na decada de 1970, o conceito de information literacy (IL) (1). O IL passa a ser um processo de aprendizagem voltado para o desenvolvimento de importante competencia em informacao que permitira ao cidadao lidar, de forma autonoma, com a grande avalanche de informacoes caracteristica da sociedade contemporanea.

Todavia, mudar as formas que os alunos lidam e aprendem com as informacoes disponibilizadas em ambientes virtuais requer tambem mudar as formas de ensinar de seus professores, conforme ja alardeado por Pozo e Perez Echeverria (2001).

E nessa perspectiva que o presente estudo propoe levantar a competencia informacional do corpo pedagogico e tecnico que atua nos polos de apoio presencial para a educacao a distancia (PAPs) parceiros da Universidade Federal de Goias (UFG). Trata-se de uma pesquisa fenomenologica pautada na declaracao dos individuos pesquisados. O foco na auto-avaliacao se torna importante uma vez que o modo como o sujeito se avalia influencia suas atitudes e comportamentos frente as situacoes vivenciadas no seu cotidiano. Alem disso, os resultados aqui apresentados poderao estruturar intervencoes futuras na formacao continuada de coordenadores de polo, orientadores academicos, tutores presenciais e bibliotecarios ante ao desafio de promover o letramento informacional e, consequentemente, a autonomia do aluno da educacao a distancia. O pressuposto e de que esses atores sao agentes fundamentais para o desenvolvimento da competencia informacional do corpo discente inserido na modalidade EAD.

Assim o problema da pesquisa pode ser expresso da seguinte forma: qual a avaliacao que coordenadores de polo, orientadores academicos, tutores presenciais e auxiliares de biblioteca da educacao a distancia da UFG fazem da sua competencia informacional?

Alfabetizacao, letramento e competencia informacional: por uma distincao conceituai

O termo information literacy foi traduzido para o portugues do Brasil como alfabetizacao informacional, letramento informacional e competencia informacional. A profusao terminologica reflete a falta de consenso na area quanto a melhor traducao para a expressao inglesa. Frente a falta de consenso conceitual na literatura nacional brasileira envolvendo os termos acima citados, opta-se, para fins da presente pesquisa, por toma-los como categorias inter-relacionadas, porem distintas.

Neste sentido, no contexto aqui apresentado, o termo letramento informacional e utilizado para designar os processos de ensino e aprendizagem que ocorrem durante o periodo de escolarizacao da crianca ou do jovem voltados para o desenvolvimento de determinado conjunto de habilidades para se lidar com a informacao e que vem ao encontro dos novos paradigmas educacionais como o aprendizagem independente, aprender a aprender, aprendizagem ao longo da vida, aprendizagem por questionamento, aprendizagem por solucao de problemas e pensamento critico (CAMPELLO, 2003). Ainda segundo Campello (2009, p. 14), estao presentes no discurso do letramento informacional abordagens pedagogicas que envolvem nocoes de teorias construtivistas como aprendizagem independente, aprender a aprender, aprendizagem ao longo da vida, aprendizagem por questionamento, aprendizagem por solucao de problemas e pensamento critico (2).

Ao tratar do letramento informacional, Gasque (2012) e Silva, Jambeiro, Lima e Brandao (2005) fazem eco aos teoricos da educacao e estabelecem distincoes terminologicas entre alfabetizacao e letramento. Assim, uma pessoa alfabetizada seria aquela que domina os codigos da escrita, enquanto uma pessoa letrada e aquela capaz de interpretar, criticar, significar o que le e ve. Da mesma forma, a alfabetizacao informacional e, segundo os autores supracitados, uma das etapas do letramento informacional, nao podendo com esse ser confundida. Nas palavras de Gasque (2012, p. 32), "a alfabetizacao informacional, como primeira etapa do referido processo, envolve o conhecimento basico dos suportes de informacao [...] e o dominio das funcoes basicas do computador (uso do teclado, habilidade motora para usar o mouse, dentre outros)". Ja o letramento informacional envolve uma atitude de engajamento ativo, autonomo e critico do sujeito na busca, sistematizacao e uso da informacao durante o processo de construcao do conhecimento.

Os projetos de aprendizagem pautados na alfabetizacao e no letramento informacional estruturam-se com a finalidade de desenvolver, ao alongo do processo, a competencia em informacao, ou seja, habilitar o aluno para a busca, uso, sistematizacao e compartilhamento da informacao e do conhecimento de forma etica, reflexiva e critica. Assim, alfabetizacao e letramento em informacao seriam processos e metodos de intervencao, ja a competencia em informacao a resultante/produto desses processos.

A centralidade da competencia informacional para o exercicio da cidadania, para a inclusao digital e para a sustentacao de sistemas democraticos contemporaneos culminou na criacao do Instituto para o Letramento Informacional da Associacao Americana de Biblioteconomia (ALA)--Associacao das Bibliotecas ligadas ao Ensino e Pesquisa (ACRL), destinados, prioritariamente, a treinar bibliotecarios para a tarefa de formar usuarios informacionalmente competentes e dar suporte a implementacao, no ensino superior, de programas voltados para uma educacao para informacao (DUDZIAK, 2003, p. 27).

A competencia informacional e, na visao de Durand (2000), uma condicao relevante para se atuar em um ambiente cada vez mais competitivo e globalizado, onde os conhecimentos devem ser constantemente articulados, extrapolando aqueles adquiridos via formal. Dai o carater processual pelo qual tais competencias serao continuamente desenvolvidas e atualizadas, uma vez que o ritmo de mudancas constantes e rapidas demanda novos conhecimentos, atitudes e habilidades para fazer frente as novas situacoes praticas que sao colocadas aos individuos. Ha de se ressaltar, entretanto, que a urgencia por desenvolver a competencia e instituir uma educacao para a informacao nao fica restrita ao ambito profissional ou organizacional. A cidadania e a inclusao social e digital pressupoem saber acessar e usar a informacao, observados os aspectos eticos, legais, politicos e economicos inerentes as praticas sociais.

Devido a insercao dessa problematica no campo da educacao escolar e que Kuhlthau (2002) afirma que a urgencia para se formar cidadaos competentes em informacao inaugura um novo paradigma educacional na pratica pedagogica cotidiana da escola.

Competencia informacional

Apesar da multiplicidade terminologica, a expressao "competencia informacional" vem sendo priorizada nas publicacoes brasileiras recentes que tratam da information literacy (3). Cabe a Dudziak, em sua dissertacao defendida em 2001, seguida por Campelo, em 2002, o pioneirismo na introducao e disseminacao do termo "competencia informacional" no Brasil. Mesmo considerando a sua popularizacao, nem todos os estudiosos fazem a distincao conceitual entre os termos, conforme proposto no presente artigo. Seguimos, ao optar pela diferenciacao conceitual, autores como Duziak, Campelo e Gasque, dentre...

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