Perspectivas e desafios dos dispositivos moveis para as bibliotecas universitarias brasileiras. - Vol. 41 Núm. 1, Enero 2018 - Revista Interamericana de Bibliotecologia - Libros y Revistas - VLEX 715163353

Perspectivas e desafios dos dispositivos moveis para as bibliotecas universitarias brasileiras.

AutorGodoy Viera, Angel Freddy

Perspectives and Challenges of Mobile Devices for Brazilian University Libraries

Perspectivas y desafios de los dispositivos moviles para las bibliotecas universitarias brasilenas

  1. Introducao

    Os Dispositivos Moveis (DM) se disseminaram globalmente impactando economias nacionais e a sociedade em geral, pelo acesso e uso de informacao sem restricoes espaciais. Emerge claramente uma verdadeira economia movel, evidenciada nas cifras dos negocios relacionados: somadas as vendas de tablets e smartphones os valores ja superam a venda dos tradicionais desktops (World Bank, 2012). Os DM sao instrumentos importantes para organizacoes de todos os tipos, contexto em que se incluem as bibliotecas. E desafio especial para as bibliotecas, seja pela sua natureza de provedora de informacao, como pelo fato do DM ser o suporte central de acesso e uso de informacao na atualidade.

    Os DM sao compostos por muitas tecnologias distintas. Possuem muitas denominacoes: dispositivos hibridos (Lemos, 2007), tecnologias nomades (Kleinrock, 2001, p. 42), dispositivos moveis de midia (Zhong, 2013), dispositivos moveis convergentes (Matusik & Mickel, 2011) entre outros termos. Pela ampla disseminacao entre estudantes, Traxler (2010) usa o termo "dispositivos de estudantes" (student devices) (pp. 149-150). No presente estudo, os DM sao entendidos como o dispositivo mais popular: o smartphone. Aparelho detentor de muitas funcoes, como texto, voz, internet, aplicativos (Dery, Kolb & MacCormick, 2014, p. 559).

    Os DM se destacam como suporte de acesso e uso da informacao. Atualmente o acesso a rede via DM ja supera o acesso via desktop (Villela, 2016), assim, o consumo de informacao passa por transmutacao importante (Evans, 2011, p. 11). Laudano, Corda, Planas e Kessler (2016) reconhecem que as novas tecnologias "criaram um conjunto de mudancas significativas no cotidiano das bibliotecas" (p. 24). Desta forma, as unidades de informacao precisam considerar o fator movel, e refletir acerca do fenomeno para adaptar os servicos oferecidos, e torna-los acessiveis em DM; na atualidade, as bibliotecas nao sao fontes unicas de informacao e a rede oferece muito conteudo; tendo em vista esse fato, para que as bibliotecas se mantenham como referencia no provimento de informacao, a adocao das novas tecnologias moveis, e oportunidade de transformar e melhorar os servicos oferecidos e atender os usuarios mais exigentes, independente de onde e como (Malathy & Kanta, 2013, p. 361).

    O atendimento da demanda movel pode fazer com que os servicos de informacao ofertados pelas unidades de informacao se tornem plenamente acessiveis. As biblio tecas que nao utilizam plataformas moveis para atender o usuario podem estar excluindo alguns e minimizando o uso do acervo e dos servicos de informacao. Para tanto e preciso conhecer a comunidade. Uma biblioteca que nao atende o usuario movel numa comunidade de usuarios que majoritariamente utiliza o DM para acessar a rede, talvez tenha prejuizo em suas operacoes.

    Ante o exposto, o objetivo do presente estudo e verificar como as bibliotecas das universidades federais brasileiras estao reagindo ao fenomeno movel e como atendem a demanda dos usuarios moveis. Para compreender com mais precisao a dimensao do fenomeno movel frente as unidades de informacao, o presente trabalho foi organizado da seguinte forma: revisao de literatura sobre o desafio da mobilidade o usuario movel e os servicos moveis. Em seguida sao apresentados os procedimentos metodologicos, e ao final, os resultados e conclusoes.

  2. O desafio da mobilidade

    A mobilidade de acesso e uso da informacao proporcionada pela tecnologia movel representa oportunidade de melhoria e de ampliacao do acesso e uso dos servicos e do acervo. Afinal, a mobilidade permite amplo acesso a informacao e desafia as bibliotecas--e organizacoes em geral--a oferecer solucoes adequadas para atender clientes cada vez mais exigentes.

    A resposta das unidades de informacao ao fenomeno movel envolve muitas iniciativas complementares. Para que as bibliotecas atendam os usuarios moveis, primeiro e preciso adaptar os servicos e as informacoes disponiveis, e assim, tornarem-se, tal qual usuarios, moveis. Mas o que significa ser movel? O estudo ou "conceito de bibliotecas moveis emergiu recentemente apos a disseminacao generalizada" (p. 180) de DM afirma Vassilakaki (2014). Segundo a autora, antes do fenomeno movel, o termo era utilizado para designar bibliotecas fisicas em movimento, para levar "livros e servicos basicos de informacao para areas rurais", contudo, atualmente a "biblioteca movel" e "novo campo de pesquisa" e se refere aos "servicos de informacao oferecidos aos usuarios" para acesso em DM.

    Para atender mais usuarios e reduzir a exclusao, as unidades de informacao podem optar por atender a demanda dos usuarios moveis. O conceito de biblioteca movel pode ser ampliado e aplicado em todos os tipos de unidades de informacao: arquivos moveis, museus moveis e centros de documentacao/informacao moveis, unidades que, em tempos de mobilidade e ubiquidade, podem se transfigurar em unidades moveis de informacao. Da mesma forma que os sistemas de informacao tem se metamorfoseado em funcao da mobilidade dos usuarios (Barroca-Filho & Aquino, 2013), os DM podem transmudar o acesso e uso das bibliotecas e demais unidades de informacao.

    Mas o que deve ser feito para tal? Segundo Vassilakaki (2014) e preciso reconhecer as mudancas e procurar "ajustar" os servicos ao "novo ambiente" movel (p. 180). Neste caminhar podem emergir muitas dificuldades, tais como a subutilizacao dos servicos moveis, problemas de compatibilidade entre navegadores e DM, de suporte, de politicas; assim, e preciso criar estrategias, e o primeiro passo e a designacao de pessoal, para dedicar tempo, alocar recursos, se comunicar, coordenar esforcos, divulgar as realizacoes, monitorar o retorno dos usuarios; nao existe uma formula pronta para oferecer servicos moveis e cada unidade de informacao deve buscar a solucao mais harmonica em conformidade com o contexto local (Liu & Briggs, 2015). Para Laudano et al. (2016) a comunicacao eletronica possibilita as bibliotecas novas formas se comunicacao "sincronicos e assincronicos" com os usuarios, seja via informes enviados por e-mail, "servicos de mensagem instantanea e chats, consultas via sites institucionais, distribuicao de conteudo via RSS (RichSite Summary), videoconferencia e producao de conteudos em blogs", entre outros (p. 24).

    Sao muitas as estrategias possiveis para enfrentar o desafio da mobilidade. Deve-se buscar ofertar acesso ilimitado aos recursos da unidade para acesso em DM, reutilizar os dados dos catalogos da biblioteca para outras aplicacoes, desenvolver aplicativos para pesquisar artigos de forma mais simples e rapida, criar servicos personalizados aos usuarios moveis, ampliar o uso do acervo atraves dos DM, utilizar os DM como instrumento de trabalho dentro das unidades de informacao, ofertar e tentar adaptar os mais diversos servicos e conteudos ao universo movel, permitir a participacao do usuario movel, criar instrumentos para ajudar a pesquisa cientifica de forma geral, poupar o tempo dos usuarios, interagir com os usuarios moveis pelas mais diversas redes sociais e de forma individualizada, criar um relacionamento amigavel com o usuario movel (User-friendly aid), exercer a ubiquidade ou atender o usuario em tempo real, sem restricoes espaco-temporais, entre outras formas (Cummings, Merril & Borrelli, 2010).

    Malathy e Kantha (2013) valorizam que os "smartphones" fazem do "sonho da biblioteca ubiqua" realidade, que podem ajudar as bibliotecas a fazer interface com outras aplicacoes para "introduzir os usuarios as operacoes em rede da biblioteca", pesquisar nos catalogos, acessar informacao de qualidade e interagir (pp. 362-363). Os autores reconhecem que a paixao dos usuarios pelos DM e oportunidade para oferecer servicos de informacao de uso simples e reduzir a exclusao, e apontam no Tabela 1, alguns pre-requisitos e competencias necessarias para a adocao do conceito movel em bibliotecas. Outros autores apontam alguns fatores basicos para estabelecer uma plataforma de atendimento movel, como a automatizacao total da unidade, fornecimento de banda larga aos usuarios, garantia de recursos, pessoal com conhecimento tecnico e equipe disposta a adquirir conhecimento novo e gerir o sistema movel, formacao continua, orientacao aos usuarios, entre outros (Akeriwa, Penzhorn & Holmner, 2015).

    As bibliotecas competem, de certa maneira, com os grandes buscadores comerciais, e nessa competicao, podem tentar oferecer conteudo alem das fontes oficiais, um algo a mais, quem sabe haja algo a aprender com os servicos mais populares da rede, familiares aos usuarios, que os fazem sentir confortaveis e confiantes (Bomhold, 2013). Mas talvez nao baste apenas ser movel. A mera disposicao de servicos moveis nao garante o uso dos servicos, e preciso orientar os usuarios sobre os recursos dispostos, reconhecer que os DM ainda possuem muitas limitacoes (Pazur, 2014), que muitos usuarios preferem os desktops para realizar certas tarefas (Sung & Mayer, 2012).

    Mais do que nunca, e preciso conhecer o usuario, suas preferencias e necessidades de informacao. E fundamental envolver os usuarios moveis ao longo do processo de desenvolvimento de plataformas moveis, realizar estudos de usuarios, ensaiar as aplicacoes e adaptacoes constantemente, para garantir a facilidade de uso e a utilidade dos servicos moveis: assim, talvez seja possivel competir com o universo informacional em rede (Paterson & Low, 2011). A aplicacao permanente de tecnicas relacionados ao estudo de usuarios e fundamental, ao passo que as geracoes sao cada vez mais mutantes. Atraves do entendimento dos usuarios os gestores podem compreender as nuances comportamentais e mudancas em curso, e planejar prospectivamente.

    2.1. O novo usuario movel

    Na pos-modernidade emerge um novo tipo de usuario da informacao: o usuario...

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